Na primeira pessoa… Maria João Ramos, sócia fundadora da Get2C

O que é para si a sustentabilidade?

A sustentabilidade é um modo de vida que começa em nós. É assim que a vejo. Para mim, a sustentabilidade é uma forma de garantir que o nosso impacto no mundo seja positivo e regenerativo, em vez de apenas “menos negativo”. É sobre repensar sistemas, onde o que fazemos contribui para a saúde do planeta, das comunidades e das futuras gerações. Não é uma questão de sacrifício, mas de oportunidade: transformar desafios ambientais e sociais em inovações que melhorem a qualidade de vida, respeitando os limites naturais. Sustentabilidade, no fundo, é saber prosperar com propósito. Nem sempre é preciso reinventar a forma como vivemos, muitas soluções já existem, mas as que criarmos devem necessariamente respeitar os limites do planeta. No fundo é entender que os nossos atos contam e que fazem a diferença e que somos parte de um todo. O futuro começa nas decisões que tomamos agora.

Vale a pena ler o Livro da esperança, onde a Jane Goodall refere “É importante agir e perceber que podemos fazer a diferença. Isso motivará outros a agirem e depois percebemos que não estamos sós e as nossas ações cumulativas fazem verdadeiramente uma diferença ainda maior”

Que medidas de sustentabilidade pratica no seu quotidiano?

Acredito que devemos fazer mudanças na medida das nossas possibilidades, físicas, mentais, financeiras. Sou das pessoas que acreditam que a mudança de comportamentos é fundamental, mas sou muito preocupada com as questões da sustentabilidade pessoal, ou seja, o nosso bem-estar físico, mental e emocional. Acho muito difícil que pessoas que não estão bem consigam ou possam salvar o planeta e, portanto, a primeira medida e a que utilizo mais é falar sobre estes temas. Só podemos ter um planeta saudável se tivermos pessoas saudáveis.

Nas questões mais práticas ligadas ao ambiente, fui implementando algumas mudanças no consumo de água, na redução de resíduos, no consumo consciente, numa alimentação mais sustentável, embora muito ciente das dificuldades que ainda existem de comprar local, da época e biológico. Sempre que posso, opto por andar a pé. Para viagens de carro utilizo veículo híbrido. 

Por outro lado, tento participar ativamente na sociedade, neste caso sendo vice-presidente da Business as Nature, uma ONG focada em igualdade de género e alterações climáticas.

De que forma dissemina informação sobre sustentabilidade (ou hábitos comportamentais sobre) junto de familiares, amigos e colegas?

Dando muitos exemplos de pessoas inspiradoras e destacando a comunicação como fundamental. É preciso arranjar ferramentas e mecanismos que cheguem ao coração das pessoas. O IPCC diz e bem que uma das mais eficazes formas de comunicar e envolver as pessoas é falar sobre o mundo real ou contar histórias humanas, dando exemplos com os quais as pessoas se identifiquem, em vez de estatísticas e gráficos. Dar nomes às pessoas, dar nomes às coisas.

E essas ferramentas podem vir de todo o tipo de artes como o teatro, cinema, fotografia, pintura, ilustração, música, literatura, escultura… Ferramentas que mexem com as emoções e experiências concretas. Dissemino informação com o exemplo de pessoas que me inspiram e que admiro como é o caso da Jane Goodall, do David Attenborough, de Wangari Maathai ou do Leonardo diCaprio.

Qual o seu maior “defeito” (diga-se mau hábito) em termos de sustentabilidade (e que gostaria de corrigir)?

Podia responder que é comer carne ou andar de carro, mas a sustentabilidade é um work in progress e deve ser uma mudança positiva, não podendo olhar com a pressão de estar a fazer as coisas mal. É um processo contínuo de aprendizagem e adaptação, não algo que se atinge de uma vez por todas. Ninguém tem todas as respostas ou pratica a sustentabilidade de forma perfeita, porque vivemos num mundo em constante mudança. A chave está no esforço para melhorar continuamente, nas escolhas diárias que fazemos e na abertura para aprender mais. O importante é estar sempre a par das novas soluções e práticas sustentáveis e integrá-las da melhor forma possível no meu dia a dia, sem perder de vista o equilíbrio entre o impacto ambiental e o bem-estar pessoal.

A empresa onde trabalha tem uma política de sustentabilidade?

A Get2C não tem uma política de sustentabilidade no sentido tradicional, porque a sustentabilidade é o nosso dia a dia. Somos uma consultora especializada em alterações climáticas e sustentabilidade, por isso, estes temas estão presentes em tudo o que fazemos. Desde o modo como aconselhamos os nossos clientes a adotar práticas mais sustentáveis até ao impacto positivo que tentamos gerar nas comunidades e no ambiente, a sustentabilidade está no nosso ADN. Para nós, não é um anexo ou uma estratégia à parte – é a base sobre a qual a empresa foi construída.

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