Limpeza Urbana: uma barreira contra o lixo marinho
Por: Luís Almeida Capão, presidente da Direção da Associação Limpeza Urbana – Parceria para Cidades + Inteligentes e Sustentáveis
A limpeza urbana (LU) desempenha um papel crucial na mitigação da poluição e das alterações climáticas, atuando como uma linha de frente na manutenção da saúde ambiental e da saúde pública. À medida que as cidades crescem e se tornam mais densamente povoadas, os desafios associados à gestão de resíduos e à poluição urbana são cada vez maiores.
Quando fundámos a Associação Limpeza Urbana – Parceria para Cidades + Inteligentes e Sustentáveis (ALU), erámos apenas municípios e empresas públicas responsáveis pelo serviço de limpeza urbana com uma noção empírica da sua importância para a operação camarária, mas ainda sem um corpo de conhecimento constituído que nos permitisse fechar uma agenda sobre grandes temas.
Antes dessa data, já tinhamos realizado, em Cascais, três Encontros Nacionais de Limpeza Urbana que demonstravam como o tema interessava cada vez mais profissionais do setor. Este ano, vamos para o 6.º Encontro Nacional de Limpeza Urbana (ENLU), que decorrerá de 25 a 27 de setembro, no Funchal, e as expectativas estão elevadas.
Depois de, no decorrer destes anos, termos conseguido autonomizar na lei a figura da Limpeza Urbana, de termos conduzido o primeiro estudo de caracterização do sector e de termos juntado à mesma mesa entidades públicas, privadas e estado central para discutir as problemáticas desta atividade, vamos justamente discutir a Limpeza Urbana como a linha da frente da sustentabilidade.
Segundo o mote “Limpeza Urbana + Sustentável”, vários especialistas, profissionais e entusiastas do setor marcarão presença no Funchal para analisar e discutir os desafios e as inovações da sustentabilidade na limpeza urbana no que diz respeito aos seus três pilares – ambiental, económico e social.
Michael Groves, geógrafo e fundador da Topolytics, é um dos oradores e abordará o uso de novas tecnologias na recolha e gestão de resíduos urbanos para tornar o setor mais transparente e eficiente; enquanto de José Ignacio Lacomba, responsável pela gestão dos espaços verdes de Valência e coordenador da candidatura vencedora da cidade espanhola a Capital Verde Europeia 2024, falará sobre os desafios que a renaturalização e a implementação de soluções baseadas na natureza em cidades representam para os serviços de limpeza urbana.
Serão dois dias de conferências, nas quais se irão debater temas sobre limpeza urbana, gestão de resíduos, sustentabilidade, inovação, economia circular, desperdício zero, valorização de recursos, entre outros. Como sempre, esperamos proporcionar aos participantes, uma experiência que expanda os horizontes dos profissionais ainda mais e inspire uma rápida mudança nos comportamentos de todos.
A participação é gratuita e as inscrições já estão disponíveis aqui.
A escolha do Funchal para este evento de Limpeza Urbana tem um significado especial. A ilha no meio do oceano Atlântico é dos territórios portugueses mais expostos aos fenómenos extremos que as alterações climáticas tornam cada vez mais frequentes. Sabemos hoje que o mar tem perdido a sua capacidade de regulação das temperaturas, de emissão de oxigénio e de sequestro de carbono e vemos o impacto da poluição terrestre no ambiente marinho não apenas nas grandes ilhas de plástico, nos resíduos que chegam à nossa costa com as marés mas também nos animais que ingerem o lixo que deixamos mal acondicionado em terra. Não bastava o plástico, soubemos recentemente que a fibra de vidro também está a entrar na cadeia alimentar.
Por tudo isto, está na altura de reunir esforços para minimizar o impacto da poluição terrestre no mar. E para isso é essencial estar atento ao que a Limpeza Urbana pode fazer para levantar uma barreira contra o lixo marinho.
