Pastoreio de baixa intensidade pode sustentar biodiversidade nas explorações agrícolas modernas

Um estudo da Universidade de Helsínquia conclui que o pastoreio de gado em baixa intensidade pode desempenhar um papel fundamental na preservação da biodiversidade em explorações agrícolas modernas, mesmo em sistemas intensivos de produção de erva para silagem.

A investigação, que analisou mais de 40 explorações de bovinos leiteiros e de carne no sul da Finlândia, demonstrou que práticas de pastoreio extensivo aumentam a diversidade de artrópodes do solo – grupo essencial para o equilíbrio ecológico, responsável por serviços como a polinização e o ciclo de nutrientes.

“O nosso estudo traz um contributo único para a compreensão do estado ecológico das pastagens de rotação e dos benefícios do pastoreio bovino na biodiversidade das explorações modernas. Embora o alojamento em estábulo e o uso intensivo da erva para silagem possam aumentar a produção, reduzem significativamente a biodiversidade, aproximando-a de níveis semelhantes aos de explorações sem gado”, explicou a investigadora Iryna Herzon, coordenadora do estudo.

Pastoreio versus corte de erva

Ao contrário dos prados naturais tradicionais, mais de 90% das pastagens finlandesas integram rotações de culturas. O estudo revelou que estas áreas, quando pastoreadas em baixa densidade, apresentam maior diversidade de artrópodes do que campos exclusivamente ceifados ou dedicados a cereais.

As explorações biológicas destacaram-se, apresentando ainda maior diversidade, mas apenas quando adotavam práticas de pastoreio extensivo.

Desafios e trade-offs

Os investigadores alertam, no entanto, para um dilema: apesar dos benefícios para a biodiversidade, o pastoreio de baixa intensidade pode levar a menores níveis de produção agrícola. Este compromisso, defendem, deve ser considerado no desenho de políticas públicas que conciliem a produção alimentar com a conservação da natureza.

Caminhos para a pecuária sustentável

Entre as soluções propostas para agricultores e decisores políticos estão:

  • Dar prioridade ao pastoreio em detrimento do alojamento permanente dos animais;
  • Garantir áreas de pastoreio extensivo, com baixa densidade de gado para promover diversidade vegetal e habitats para insetos;
  • Apoio económico e político, seja através de preços diferenciados para o leite proveniente de vacas em pastoreio, seja por subsídios que incentivem práticas amigas da biodiversidade.

Para a equipa de investigadores, o futuro da produção animal passa por “produzir menos, mas melhor”, integrando práticas de pastoreio sustentáveis que conciliem a resiliência ecológica com a viabilidade económica das explorações.

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