Sustentabilidade e hábitos alimentares influenciam escolhas de consumo e impactam indústria de produtos de consumo e retalho
Por Bruno Sousa, Head of Business Technology Solutions Practice, Capgemini Portugal
O mundo está a mover-se a um ritmo elevado, e as organizações precisam de se adaptar rapidamente. Os consumidores estão a mudar os seus hábitos de compra e escolhas de consumo, aumentando a sua preferência por produtos e alimentos sustentáveis.
Este cenário está bem patente na 4ª edição do What matters to today’s consumer, um estudo realizado à escala mundial que identifica e analisa a evolução dos padrões de compra e as preferências dos consumidores, e no âmbito do qual foram inquiridos mais de 12.000 consumidores maiores de 18 anos, em 11 países das regiões da América do Norte, da Europa e da Ásia-Pacífico. O estudo oferece também insights práticos e acionáveis sobre como os retalhistas e as marcas de produtos de consumo podem adaptar-se e evoluir para responder às necessidades dos consumidores, capitalizando nas 7 principais tendências da indústria agora identificadas:
- o impacto da IA generativa na experiência do comprador;
- a crise do custo de vida;
- como o social commerce está a remodelar o comportamento do consumidor;
- o aumento da publicidade personalizada impulsionada pelas Retail Media Networks;
- a importância das entregas rápidas e da satisfação das encomendas;
- o que leva os consumidores a mudar de marca;
- a crescente preferência dos consumidores por produtos sustentáveis e a mudança nos hábitos alimentares.
Analisemos então como a sustentabilidade e os hábitos alimentares estão a influenciar as escolhas de consumo.
Em primeiro lugar, a procura por produtos sustentáveis tem aumentado consistentemente, com 64% dos consumidores a afirmar terem comprado produtos de organizações percebidas como sustentáveis (Geração Z com 73%), e as organizações estão a responder a essa procura. Veja-se o programa de Buy Back & Resell da Ikea US ou o programa (Re)Purposed de devolução da Sephora Beauty).
Em segundo lugar, mais consumidores (38%, mais 8 pontos percentuais em comparação com o período homólogo) estão a pagar um prémio reduzido (até 5%) por produtos sustentáveis (Boomers com 45%). Embora a crise do custo de vida ainda esteja a impactar as decisões de compra, os consumidores estão menos preocupados com a sua situação financeira.
Em terceiro lugar, os consumidores continuam a apoiar as iniciativas de redução de desperdício alimentar, concordando que o mesmo contribui para problemas ambientais (71%). Os Millennials (76%) e a Geração Z (73%) relataram uma maior consciência para o tema. Veja-se o marketplace de excedentes alimentares Too Good to Go que estabeleceu parcerias com alguns dos maiores retalhistas alimentares (Carrefour, Auchan, Spar, Aldi, etc.), ou para a Tesco que vai abrir uma instalação para transformar excedentes alimentares em ração.
Finalmente, e devido à queda no consumo de carne, os retalhistas estão a promover alternativas baseadas em plantas. Mais de metade dos não vegetarianos europeus reduziram o consumo de carne (29% por preocupações ambientais). Os Millennials (25%) são os que mais mudaram para carne baseada em plantas. Quase metade dos consumidores (48%) estão conscientes do impacte da água e dos gases de efeito estufa no ambiente devido à produção de carne, e 56% exigem que os produtos de carne exibam o seu impacte de carbono e água no ambiente. Os governos terão um papel crucial nesta transformação, veja-se o caso holandês que estabeleceu uma meta para 2030 de reduzir a proteína de fontes animais para 40%, com o apoio de várias cadeias de supermercados.
Em conclusão, para permanecer competitivo e impulsionar a evolução das preferências e comportamentos de compra dos consumidores, as marcas e retalhistas devem centrar-se no consumidor, adotar tecnologia para aumentar a resiliência e sustentabilidade e ganhar a confiança do consumidor com uma colaboração transparente em toda a cadeia de valor.